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sexta-feira, 31 de julho de 2015

Meus Livros: Pais e Filhos de Ivan Turgueniev

Olá!
Este foi outro trabalho que fiz para o colégio. Acredito que esse não foi um dos melhores textos de minha autoria. O livro de Ivan é sensacional. Porém eu acho que não consegui captar muito bem a mensagem para repassá-la. Talvez numa leitura mais madura, como dizia Calvino.
Até mais ;)


"Comecemos o texto com a definição de um termo importante para a personalidade do personagem principal, Bazarov, descrita por uma personagem do livro:  "Um niilista é um homem que não se curva ante qualquer autoridade; nem aceita nenhum princípio sem exame, qualquer que seja o respeito que esse princípio envolva.".  A primeiro momento, meu interesse pelo livro surgiu através de uma pequena descrição do mesmo. Bazarov, dada uma característica já importante acima, negava qualquer forma de amor, amizade, carinho e afeto. Escolheu ser assim. Totalmente o contrário de minha pessoa, que não mede esforços para amar. Então, minha curiosidade foi tentar entender um pouco mais de uma pessoa que tenta não se apegar a alguém, o que realmente é difícil. É exatamente isso que o livro demonstra, a luta de Bazarov em ir além de seus princípios e se apaixonar, desenvolver relações, sejam elas ruins ou boas.
Cada pessoa com quem Bazarov se relacionou, significou algo para ele. Arcádio, seu amigo e discípulo, demonstrou sua amizade em todos os momentos, nem sempre recebendo o mesmo tratamento; Paviel, com que aprendeu o respeito as opiniões divergentes, sendo que foi preciso muito tempo para se acostumarem um com o outro; Com Nicolau, a relação sempre fora amistosa, portanto há pouco para se dizer. Com Ana Serguêievna, um dos casos mais importantes de suas relações no livro, foi a única por quem demonstrou seu amor e não fora correspondido; Com seus pais, a coisa também fora complicada. Não gostava do tamanho carinho que sua mãe sentia por ele, e adorava palestrar com o pai. Pouco conseguiu ficar por lá em seu primeiro retorno; Com Fiênitchka, Bazarov desenvolveu certo afeto, mas pouco durou devido ao comprometimento da moça. Quando ele se despede e volta para a casa do pais, percebe que toda a vida que viveu antes, todas as pessoas que conhecera, valeu a pena. 
Antes de voltar, ele fala: "Acho, porém, que já passei muito tempo numa esfera que me é estranha.". As relações sociais, apesar de desenvolvidas por ele, ainda lhe eram estranhas.  Bazarov era um homem inteligente, um médico, mente brilhante da Rússia. Queria saber tudo... e morreu sabendo tudo. Sua última descoberta fora o amor, a amizade, o carinho, o afeto, e o respeito. Tudo isso lhe serviu de apoio para sua morte, que até mesmo este momento, se tornara insignificante. Imagino como fora difícil para ele, alguém tão defensor de seus princípios, ir contra eles de tal maneira intensa. O respeito por isso, pois alguém como eu tão diferente dele, na inversão de papéis, não teria a capacidade de praticar o niilismo. 
Ao final do livro, Bazarov apoia o casamento de Arcádio com Cátia, sendo que sempre fora contra tal tipo de comemoração. Ele volta para casa dos pais, e lá morre, sobre os cuidados de sua mãe que sempre fora muito afetuosa. Chama apenas Sra. Odintsova para despedir-se, única mulher por quem apaixonou-se verdadeiramente. Em uma conversa com a mesma, ele fala: "Quem se lembra dos sonhos? No mais, o amor... é um mal contagioso.". Começo a então perceber que muito me identifiquei com Bazarov. Como diria Aristóteles, "o homem é um ser social", e portanto, todos devem relacionar-se. Ele, assim como eu, descobriu que uma vida sem relações é uma vida triste. Ele percebe isso quando se isola. Apesar de difícil, a relação é necessária, e cabe a nós criar a coragem para enfrentá-la. Constato que Bazarov terminou a vida como um sábio, pois apesar de possuir o conhecimento, cometeu a loucura de se levar pelo sentimento.
"O amor é a única loucura de um sábio." - William Shakespeare"

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Meus Livros: "Por que ler os clássicos?" de Italo Calvino

Hoje, vou começar um novo marcador no blog, chamado "Meus Livros". Nele eu vou postar alguns textos sobre livros que li.

Começando com o "Por que ler os clássicos?" de Italo Calvino. Este foi uma leitura obrigatória para o trabalho da escola e vamos dizer que, o gatilho para me fazer querer ler e escrever mais.

   "A modernidade e tecnologia cada vez mais tomam conta do mundo. O prazer pela leitura, o desejo de ler e a satisfação que praticar o ato, hoje em dia não é valorizada. Principalmente por jovens como eu, que hoje em dia podemos achar tantas outras coisas “mais divertidas” para fazer. Quando se fala de ler os clássicos então, é normal pensar “Não quero ler isso”, sem ao menos conhecer a história retratada na obra. Pior ainda, são pessoas que só lêem os clássicos por status social. Muitos ainda preferem usar ao termo “reler” do que “ler”, pois tem vergonha de admitir que nunca leu aquele livro. Mas afinal, quem já leu todos os clássicos? Até mesmo uma pessoa com uma boa base de leitura, sempre terá uma lista enorme de obras não lidas. A juventude, por apresentar muitas distrações, impaciência e inexperiência, pode fazer a leitura ser muito cansativa e chata. Mesmo assim, ela pode trazer uma base para experiências futuras, preparando o jovem para obras mais complexas em sua idade madura. Por conta disso, o ato de ler na idade madura, é muito mais apreciado, pois há absorção de detalhes. Quando se trata de reler nesta idade, acontece encontrar algumas respostas e entender melhor a obra.
   Os clássicos são livros que podem se manter vivos em nossa memória, que poderá nos ajudar em uma experiência pessoal de nossas vidas. Os clássicos também podem se guardar em nossa memória, nos fazendo esquecer alguns detalhes importantes. Por isso, deveria existir um tempo em nossa vida especialmente para reler os livros já lidos da juventude. Em minha infância, li o “Pequeno Príncipe” e na adolescência, resolvi reler. Acontece que descobri diversas coisas que passaram despercebidas. Entendi o contexto do livro, que na idade da primeira leitura, não fora entendido. Reler um clássico é uma leitura de descoberta como a primeira.
   Ler pela primeira vez é reler. Essa frase pode soar um pouco contraditória a última do parágrafo anterior, mas é a verdade. Ao ler pela primeira vez, você pode encontrar coisas que te lembram experiências de sua vida, coisas que você já tem conhecimento e isso o ajuda a continuar a leitura de uma forma mais tranqüila, e dessa maneira, realizar uma releitura de seu conhecimento. Um clássico que te deixará intrigado e nunca te trará respostas explicitamente. Você precisará pensar, e ainda sim ficará com diversas dúvidas que nunca serão respondidas. O clássico nunca termina de dizer aquilo que tinha para dizer.
   Os clássicos trazem consigo, uma extensa forma de cultura passada e uma leitura que nos precede. A forma na escrita, o assunto retratado, tudo pode nos remeter para uma época que não corresponde a nossa. E isto, de certa maneira, vale também para os clássicos modernos. A Literatura ele se renova a cada dia, a cada época, e uma leitura será sempre nos lembrará de alguma relação com outro livro ou com algum momento da vida. Ela deve nos oferecer uma surpresa sobre o que esperávamos do livro. Os clássicos podem apresentar uma leitura desconhecida, onde você aprenderá coisas novas, e para este caso é essencial ler a obra original, evitando comentários de críticos, bibliografias e comentários de terceiros. Este tipo de ferramenta cria uma nuvem que esconder o que o livro quer dizer. É importante lembrar que nenhum livro falando de um livro fala tanto dele como um livro original. Um clássico não necessariamente nos ensina algo novo. Ele pode apresentar algo já conhecíamos nos ajudando no aprofundamento do assunto ou talvez a leitura deste tipo de livro seja requisitada, pois já um assunto conhecido pelo leitor. O clássico, ele sempre provoca uma série de críticas e perguntas sobre si, mas continuamente as repele para longe.
   Todos nós ouvimos muito sobre os clássicos, e têm alguns onde há curiosidade de saber sobre o que se trata. Porém, ler um livro e conhecê-lo diretamente é verdadeiramente descobrir fatos inéditos e novos sobre ele, explorando sua curiosidade. Ao ler um clássico, é preciso estabelecer uma conexão com o leitor, tornando este o “seu clássico”. Este não é lido por dever ou por respeito e sim por amor. Exceto na escola, onde você será guiado a ler uma lista de obras principais, e dentre estes, você pode achar o “seu clássico”. As escolhas dos livros contam são aquelas feitas dentro da escola, mas que continuam além dela. A leitura desinteressada das obras pode fazer com que você se depare com o seu livro. A relação com ele é difícil de ser explicada, funcionando quase como uma antítese. O que ele diz te agrada, porém você viverá um incessante desejo de contradizê-lo, de odiá-lo e de lhe fazer críticas. O clássico é um livro que se configurará com o seu universo, estabelecendo em você uma relação forte de oposição de idéias.
   O “seu” clássico não poderá ser indiferente a você, ele serve para definir um você próprio seja em relação ou em contraste. O termo clássico é usado sem distinções de estilo, tempo e autoridade. Ele pode se encontrar em ambos os tempos: antigo e moderno. Para lê-los, é preciso definir de onde a leitura está sendo feita, e se conceituar temporalmente. Caso isto não seja feito, o livro e o leitor se perdem no tempo cronológico. Portanto, para um bom rendimento de leitura dos clássicos, é preciso alternar com leituras da atualidade em boa dosagem. Ao ler dois clássicos seguidamente, é necessário reconhecer o lugar de ambos na genealogia.
    O clássico não aceita deixar a atualidade para trás, se tornando mais importa que ela. Porém ele também não aceita ficar abaixo da atualidade, perdendo sua importância na sociedade. Por isso, a mistura dos dois gêneros é essencial para uma boa base na literatura.  Como já citado anteriormente, a Literatura muda a todo instante, se ajustando ao tempo que estamos atualmente. Na introdução do livro ‘Teoria da Literatura’ de Terry Eagleton (1983), ele diz: “... a literatura é um discurso não-pragmático (...) ela não tem nenhuma finalidade prática imediata, referindo-se apenas a um estado geral de coisas.”, ou seja, a literatura não é baseada na verdade absoluta, na praticidade das soluções. Ela é uma forma de arte que nos faz pensar sobre a vida, o que ela abrange e o que ela significa. Faz-nos rever nossos conceitos e credos, acima de todos os poderes dominadores do mundo. Portanto, podemos concluir que o conceito de literatura tem total relação à leitura dos clássicos, pois ela determina o tempo e a finalidade. O que a torna importante neste mundo é a sua expressividade artística, que é o meio que conseguimos de demonstrar nossos desejos e ideologias, mesmo que seja recriando nossa realidade através de sua leitura clássica."

Espero que tenham gostado ;)

Bem vindos!

Olá!
Criei esse blog para escrever um pouco sobre meus livros, minhas ideias e meus devaneios. Escrever se tornou algo que eu amo faz pouco tempo, e estou tentando, aos poucos, desenvolver melhor as técnicas e vocabulário da escrita. Por enquanto, pareço estar me dando bem.
Enfim, ele vai servir para algumas pessoas que não gostam de ler livros e vão procurar por um resumo, ou melhor que um resumo, uma explicação sobre o livro. Servirão também para pessoas que procuram discutir leituras, textos, artistas, composições, poesias, e tudo o que a literatura pode oferecer.
Além do Sombras de Uma Obra, tenho também o Deutsch Allein - Aprendendo Alemão Sozinho, onde escrevo sobre meus desafios ao aprender a língua alemã. Também dou dicas para quem quer ser um autodidata, indicando cursos e links úteis.

Por enquanto é só! ;)